Gestão de riscos em cooperativas de crédito: como proteger o patrimônio e garantir a sustentabilidade?
A gestão de riscos é uma peça fundamental na estrutura de uma cooperativa de crédito. Com o crescimento do setor, a complexidade das operações financeiras, regulatórias e operacionais exige que as cooperativas estejam preparadas para lidar com riscos diversos. Além de preservar o patrimônio da cooperativa, a gestão eficiente de riscos é crucial para garantir a sustentabilidade e manter a confiança dos associados.
Segundo dados de 2023 do Banco Central do Brasil, as cooperativas de crédito já estão presentes em 57% dos municípios brasileiros e possuem um total de ativos de R$ 731 bilhões, o que demonstra a necessidade de continuar estruturando o setor e prevenindo riscos para manter o crescimento.
Por isso, no artigo de hoje, discutiremos os três principais tipos de risco – financeiro, operacional e estratégico – e dois pontos de atenção em cada, demonstrando como as cooperativas podem adotar práticas robustas para prevenir crises e assegurar sua saúde financeira a longo prazo.
Riscos Financeiros: busca pela solidez nas operações
Gestão de riscos financeiros, em cooperativas de crédito, são processos que identificam, analisam e buscam mitigar os riscos que podem impactar negativamente as finanças da organização.
O objetivo, aqui, é minimizar as perdas potenciais e garantir a estabilidade financeira a longo prazo. Por isso, podemos afirmar que a gestão de riscos financeiros é o pilar central para qualquer instituição que lida com transações monetárias.
Dois dos principais pontos de atenção para a mitigação desses riscos são:
1. Inadimplência
A inadimplência dos associados pode comprometer seriamente a liquidez e a operação da cooperativa. Com o aumento da concessão de crédito, especialmente em tempos de incerteza econômica, há um risco crescente de que os associados enfrentem dificuldades para cumprir com seus compromissos.
Para mitigar esse risco, as cooperativas de crédito devem adotar sistemas rigorosos de avaliação de crédito, acompanhamento das condições financeiras e aprofundar a análise de perfil de seus associados, adotando estratégias personalizadas de renegociação, que sejam sustentáveis para o associado e reduzam a inadimplência futura, além de programas de educação financeira.
2. Exposição ao mercado
A variação nas taxas de juros, câmbio e outros fatores externos podem afetar diretamente o valor dos ativos e passivos da cooperativa. Para gerenciar esse risco, é essencial que a instituição possua uma estratégia de hedge eficiente e esteja sempre acompanhando os movimentos do mercado financeiro.
Além disso, é fundamental que os colaboradores tenham treinamentos adequados para interpretar os sinais de mercado e ajustar as políticas de crédito e de captação de recursos.
Riscos Operacionais: mais eficiência no trabalho interno
A gestão de riscos operacionais em uma cooperativa de crédito envolve identificar, avaliar e mitigar riscos que podem surgir das operações diárias da instituição, como falhas de sistemas e de processos internos, erros humanos, fraudes e alguns eventos externos que podem afetar a continuidade e eficiência das operações.
O objetivo é prevenir interrupções e garantir a estabilidade e a segurança operacional, mantendo a integridade, a imagem da cooperativa e evitando perdas financeiras. Dois fatores cruciais nesse contexto são:
1. Segurança da Informação
Com o avanço da tecnologia e a digitalização dos serviços financeiros, o risco de ataques cibernéticos tem aumentado exponencialmente. A proteção dos dados dos associados é uma prioridade máxima.
Por isso, investir em infraestrutura de TI robusta, além de promover a conscientização e treinamentos de segurança entre os colaboradores, é essencial para minimizar esse risco.
2. Governança, fraude e compliance
A governança, a grosso modo, trata da transparência nas operações e da responsabilização pelos atos praticados, principalmente aqueles que podem ser encarados como fraudes internas ou externas. Esse fator, somado ao não cumprimento das regulamentações, pode gerar graves consequências financeiras, penalidades administrativas, sanções legais e acarretar uma crise profunda na credibilidade da cooperativa.
Para mitigar esse risco tão importante, a implementação de auditorias periódicas, internas e também externas, políticas de compliance rígidas e treinamento constante dos colaboradores em relação a normas e regulamentos são algumas das melhores práticas que as cooperativas de crédito podem adotar.
Riscos Estratégicos: alinhamento entre objetivos e realidade
A gestão de riscos estratégicos de uma cooperativa de crédito identifica, avalia e mitiga riscos que podem impactar a realização dos objetivos e metas estratégicas da instituição. Eles envolvem decisões que afetam o direcionamento e o posicionamento da cooperativa, como mudanças no mercado, regulamentações, concorrência, inovação tecnológica e outros fatores externos.
Nesse sentido, o objetivo dessa gestão é garantir que a cooperativa esteja preparada para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades de forma estratégica. Mas há dois aspectos importantes a serem observados nesse campo:
1. Concorrência e disrupção tecnológica
As cooperativas de crédito enfrentam a crescente concorrência de bancos tradicionais, fintechs e outras instituições financeiras. As novas plataformas digitais e serviços automatizados podem dificultar a competitividade das cooperativas.
Entretanto, para eliminar esse risco, é crucial que as cooperativas invistam na digitalização de seus serviços, principalmente para oferecer uma melhor experiência digital superior ao usuário (UX), considerando a proximidade da relação da instituição com seus associados. E também devem capacitar seus colaboradores com habilidades tecnológicas, garantindo, assim, que o quesito inovação seja completo.
2. Crescimento desordenado
Expandir operações sem um plano de crescimento estruturado pode ser extremamente arriscado para uma cooperativa. O crescimento desordenado pode levar a um aumento no passivo e na complexidade das operações, sem a devida preparação da equipe.
Isso demonstra a seriedade e a importância com que os treinamentos específicos voltados para o gerenciamento de expansão devem ser encarados pela instituição. Afinal, é crucial que a instituição tenha indicadores de desempenho e monitoramento contínuo para evitar uma expansão sem estrutura, ou seja, utilizar-se sempre de análises preditivas para mitigar riscos.
Ou seja, preparar os colaboradores para atualização constante e ampliar seu conhecimento sobre indicadores de riscos é promover o crescimento profissional conjunto deles com a própria instituição.
A importância de treinamentos específicos sobre gestão de riscos para cooperativas de crédito
Dada a complexidade dos riscos enfrentados pelas cooperativas de crédito, é evidente que a formação contínua dos colaboradores é essencial. A Treinacoop, por exemplo, oferece uma ampla gama de treinamentos voltados para o fortalecimento das capacidades dos colaboradores na gestão de riscos em cooperativas de crédito.
Cursos especializados em análise e recuperação de crédito, gerência de área, inovação, compliance, e também aqueles voltados para o desenvolvimento de soft skills, como liderança e resolução de conflitos, são fundamentais para preparar as equipes sobre como lidar com situações adversas e prevenir crises.
Colaboradores preparados, com visão estratégica e habilidades interpessoais, são mais capazes de antecipar problemas e atuar de forma preventiva, assegurando a estabilidade da cooperativa de crédito.
Conclusão
A gestão de riscos em cooperativas de crédito é essencial para proteger o patrimônio e garantir sustentabilidade financeira a longo prazo. O investimento nesse tópico, aliado ao desenvolvimento contínuo e específicos das habilidades de seus colaboradores fortalece a resiliência das cooperativas diante de um mercado financeiro cada vez mais competitivo e adverso.
Dessa forma, ao implementar essas medidas, as cooperativas de crédito estarão preparadas para enfrentar os desafios do futuro, preservando sua saúde financeira e o bem-estar de seus associados.